Existe um tipo de silêncio que é ensurdecedor. Não é a ausência de som, mas a presença de palavras não ditas, de conexões perdidas, de um grupo de pessoas talentosas que, de alguma forma nas entrelinhas, esqueceu como ser um time.
O clássico “tá todo mundo no mesmo barco”,
só que ninguém sabe quem tá remando.
Fusões, aquisições, reestruturações, mudanças de liderança, pivôs estratégicos, tudo isso se tornou rotina no mundo corporativo. Mas existe um aspecto dessas mudanças que raramente recebe a atenção devida: o impacto humano.
Segundo um estudo da Gallup de 2023, apenas 21% dos funcionários em todo o mundo se sentem engajados no trabalho. Isso significa que quase 80% das pessoas estão emocionalmente desconectadas do que fazem, não por falha técnica, falta de recursos ou políticas internas. Mas por algo muito mais sutil e devastador: a perda da identidade coletiva.
Nunca tivemos tantas ferramentas de comunicação e colaboração, mas raramente as pessoas se sentem tão desconectadas quanto no ambiente de trabalho. A eficiência técnica aumentou, mas a energia coletiva despencou.
De acordo com a pesquisa da McKinsey de 2022, empresas que apresentam altos níveis de engajamento dos funcionários têm 21% mais lucratividade e 17% mais produtividade. Ainda assim, o mesmo estudo revela que 70% das iniciativas de transformação organizacional falham em atingir seus objetivos, muitas vezes porque ignoram o lado humano da mudança.
Esse fenômeno transcende setores, tamanhos de empresa ou níveis hierárquicos. É uma consequência natural de como tratamos mudanças organizacionais, focamos nos processos e esquecemos das pessoas que os executam.
O contexto de equipes sem senso coletivo, é assustadoramente comum. Por vezes em razão da liderança, por vezes em razão da cultura e por vezes simplesmente porque em meio às demandas o time esqueceu de se conectar.
Quando o Nós vira Eu
O cenário típico é esse: times tecnicamente competentes que começam a operar como ilhas isoladas.
Dados do relatório State of Teams 2024, da Atlassian, indicam que 93% dos profissionais sentem que suas equipes poderiam entregar resultados semelhantes na metade do tempo se colaborassem de forma mais eficaz.
A expertise individual permanece intacta, mas a capacidade de criar soluções coletivas se deteriora progressivamente.
Cada equipe é um mosaico de histórias: quem viu a empresa crescer e mudar, convivendo com quem ainda está tentando decifrar os códigos não escritos da cultura organizacional.
Entre eles, um abismo de experiências, expectativas e, principalmente, de confiança. Segundo a Deloitte, 70% dos conflitos em equipes multi geracionais estão relacionados a diferenças de expectativas e falta de confiança.
Como isso aparece no dia a dia?
- Desconexão emocional
- Comunicação indireta e carregada de subentendidos
- Sensação generalizada de desgaste emocional
- Percepções completamente divergentes sobre o futuro
- Ausência de espaços seguros para conversas honestas
O clima interno fica instável, com pequenos atritos e falta de clareza sobre posicionamento coletivo. A comunicação se torna indireta e pouco fluida, criando uma sensação palpável de desgaste em toda a equipe.
O que as lideranças observam: indicadores técnicos ainda funcionais, mas uma sensação crescente de que algo não está certo na dinâmica da equipe. Uma intuição de que o potencial coletivo não está sendo realizado.
A descoberta crucial: o problema raramente é sobre competências ou processos. É sobre identidade coletiva, confiança mútua e clareza de propósito compartilhado.
Como a Wella garantiu que a sua identidade coletiva se mantivesse perante os desafios: Workshop SHIFT – A virada começa dentro
Foi com essa visão que a Wella, uma das marcas mais icônicas do setor de cosméticos e beleza profissional, procurou a Perestroika.
Mais do que reorganizar o time, a Wella queria algo que poucas empresas pedem com tanta clareza: um recomeço real.
Com conversa, escuta e cultura.
Em vez de acelerar no automático, a Wella fez uma escolha madura: garantir coesão interna, clareza emocional e uma cultura viva para sustentar os próximos passos.
Diante desse cenário, desenvolvemos uma abordagem que vai além dos treinamentos convencionais. O Workshop SHIFT: A virada começa dentro criado especificamente para Wella, que reconheceu que a transformação sustentável começa com a reconexão.
Teve gente que chegou no dia achando que seria só mais um treinamento de grupo. Saiu dizendo:
“Agora eu entendo por que a gente se desconectou. E por que vale a pena tentar de novo.” (Spoiler: sim, teve lágrima leve. Teve riso inesperado. Teve reaproximação.)
Por que SHIFT?
O nome representa exatamente o que as equipes precisam, uma mudança de perspectiva, uma virada de chave que permita enxergar possibilidades. A virada do olhar deságua na cultura, de individual para coletivo, de reativo para protagonista, de executar para co-criar.
Como o SHIFT foi construído?
Um mergulho de 4 horas, com blocos que alternam escuta, provocação e construção conjunta. Não é só sobre motivar a equipe.
É sobre provocar em perguntas que ninguém normalmente faz.
Focado em construir uma linguagem comum, uma bússola emocional, e momentos estruturados para conversas sinceras, daquelas que ajudam a recomeçar com potência.
Ali, na roda, fora do escritório, a equipe da Wella colocou tudo na mesa.
Criamos juntos um avatar e um compromisso cultural que não nasceu de frases prontas, mas de necessidades da própria equipe.
O compromisso: quando uma equipe escreve, junta, quem ela quer ser
Uma das dinâmicas realizadas tem uma proposta simples: construir, como grupo, compromissos que definem e abrem caminho para a cultura que eles desejam viver dali para frente. Uma tarefa que, à primeira vista, pode parecer apenas mais um exercício corporativo, mas que revela pontos profundos sobre time e cultura.
Qual a razão para esse tipo de dinâmica em grupo?
Cultura não é o que está no onboarding, é o que acontece nos intervalos das reuniões. Cultura é o que a gente permite, silencia, celebra ou ignora no dia a dia.
É o conjunto de comportamentos não escritos que definem como realmente funcionamos individualmente e como coletivo. E só quem vive a rotina pode nomear com precisão.
Como construir um território comum?
Nesse ponto do processo, o grupo não estava mais apenas respondendo a uma dinâmica. Estava construindo um território comum, um espaço onde todos pudessem se reconhecer e pertencer.
A equipe percebeu algo libertador: não precisava esperar a cultura ideal ser verticalizada pela liderança. Podia começar a criá-la com linguagem própria, responsabilidade compartilhada e uma bússola emocional clara.
Esse momento de construção do compromisso foi particularmente marcante. As pessoas começaram a se reconhecer umas nas outras, descobrindo valores compartilhados que não sabiam que existiam.
Teve riso. Teve silêncio bom. Teve olho marejado.
Não porque o exercício era emotivo por si só, mas porque ele fazia sentido, conectava experiências individuais em uma narrativa coletiva que todos podiam abraçar.
Esse é o tipo de prática que não termina quando a imersão acaba.
O grupo levou o compromisso firmado e seu avatar como base para futuras conversas e construção de rituais internos.
Mais do que um documento, criaram uma referência viva, algo que pode ser revisitado, questionado e atualizado conforme a equipe evolui.
As grandes lições que o time da
Wella co-criou com a Perestroika
Vulnerabilidade é força coletiva
Equipes que conseguem criar espaços seguros para expressão autêntica desenvolvem níveis de confiança e colaboração impossíveis de alcançar através de métodos convencionais. Quando as pessoas se permitem ser genuínas, a energia coletiva se multiplica exponencialmente.
Cultura se co-cria, não se impõe
As transformações culturais mais duradouras emergem quando a própria equipe participa ativamente da definição de valores, comportamentos e rituais. Imposições geram responsabilidade temporária; co-criação gera apropriação permanente.
Pequenos compromissos geram grandes mudanças
Transformações sustentáveis começam com compromissos pequenos, específicos e assumidos voluntariamente. Cada pessoa definindo seu papel na construção do futuro coletivo cria uma rede de responsabilidades mútuas.
Conversas corajosas constroem confiança
Equipes que sabem quem são, o que valorizam e como querem ser reconhecidas tomam decisões mais rápidas, inovam com mais frequência e se adaptam a mudanças com maior agilidade.
O que vem depois: o legado que permanece
O maior sinal de que algo mudou não estava no mural com post-its coloridos. Estava no jeito como o grupo saiu dali: Mais leve, mais inteiro, mais disponível.
O verdadeiro valor de uma experiência como SHIFT não está apenas no que acontece durante as 4 horas de imersão, mas no que ela deixa como legado para a equipe e a organização.
Diferente de palestras motivacionais que geram entusiasmo temporário, o workshop cria mudanças estruturais:
O Avatar Cultural Co-Criado: Não um documento corporativo genérico, mas uma declaração autêntica e específica daquele grupo sobre quem são, o que valorizam e como querem operar juntos.
Rede de Compromissos Pessoais: Cada participante assume responsabilidades específicas para contribuir com a cultura desejada, criando uma malha de responsabilização mútua.
Rituais de Conexão Sustentáveis: A equipe desenha seus próprios momentos e práticas para manter a conexão e o alinhamento ao longo do tempo.
Capacidade de Auto-Renovação: Mais importante que qualquer entregável específico, a equipe desenvolve músculos para se reinventar continuamente conforme o contexto evolui.
O Futuro do Trabalho É Humano
Estamos vivendo uma revolução silenciosa no mundo do trabalho. Enquanto a tecnologia automatiza tarefas o que se torna cada vez mais valioso são as capacidades exclusivamente humanas: criatividade coletiva, inteligência emocional, capacidade de construir significado compartilhado.
Organizações que não investem intencionalmente na dimensão humana das transformações estão desperdiçando seu ativo mais valioso, o potencial coletivo de suas equipes.
Sua organização está investindo tanto na conexão entre suas
pessoas quanto investe na conexão entre seus sistemas?
O futuro pertence às organizações que compreenderam que tecnologia é ferramenta, mas a transformação é um fenômeno humano. E fenômenos humanos exigem abordagens humanas, corajosas, vulneráveis e autênticas.
A virada realmente começa dentro.
A pergunta é: quando sua
organização vai dar esse passo?
Empresas como a Wella já entenderam que investir em reconexão humana não é uma questão de motivação, é imperativo estratégico. É a diferença entre equipes que existem e equipes que se transformam.