O dia a dia na empresa parece fluído. Poucas divergências, as reuniões começam e terminam protocolarmente. À primeira vista, um ambiente tranquilo e organizado. Mas olhando um pouco mais fundo, através dos sorrisos constrangidos para perceber algumas coisas.
Somente a liderança fala. Poucas pessoas opinam de forma divergente. Essa aparente concordância revela, na verdade, pouco comprometimento. Medo de represálias. Um silêncio denso, que não abre espaço para a fala.
O que descrevemos aqui pode ser chamado de harmonia artificial. Talvez você já tenha passado por isso. Talvez esteja passando neste momento. A harmonia artificial, como diz o nome, é uma falsa sensação de tranquilidade e alinhamento.
Nem sempre os casos são extremos, como no exemplo que demos. Ela começa aos poucos. Lentamente, o espaço para uma verdadeira escuta se vai. A confiança também, antes mesmo que ela possa florescer.
Um dos grandes perigos disso? Ideias grandiosas e equipes talentosas pouco engajadas, vendo a comunicação interna como uma barreira, ao invés de uma ponte. Líderes frustrados, com resultados comprometidos e cada vez mais trabalho centralizado em si mesmos.
O will bank, banco digital e marca inovadora do setor financeiro, percebeu os primeiros sinais da harmonia artificial. E para ajudar a acabar com ela, chamaram a Peres.
Sem divergências? Sem evolução
Em empresas que priorizam o crescimento, a inovação e o bem-estar, o perigo raramente vem com sirenes. Ele aparece nas entrelinhas: reuniões que rendem menos, ideias que se repetem e feedbacks que não geram movimento.
Mas foi justamente nesse “parecer tudo bem” que o will bankpercebeu um alerta silencioso: a harmonia estava começando a parecer artificial.
Por mais que o clima do will bank seja sensacional, a empresa não se acomodou no cenário tranquilo, sem conflitos aparentes. E entendeu que a harmonia artificial, por vezes, pode esconder necessidade de transformação.
A solução passava por capacitar as lideranças para uma comunicação mais clara, empática e estruturada. Aumentar o índice de segurança psicológica, que está relacionado à percepção de tolerância ao erro e ao acolhimento diante de situações desafiadoras.
E, por fim, trazer uma harmonia verdadeira ao ambiente de trabalho. Com espaço para divergências e diálogos francos.
Capacitamos lideranças para dizer e ouvir o que precisa ser dito.
Com clareza, empatia e estrutura.
Mais do que melhorar a comunicação, era sobre sustentar a cultura de um banco que aposta no protagonismo das pessoas. E garantir que a inovação não fosse barrada pela necessidade de agradar.
Porque o futuro das relações de trabalho não depende do fim dos conflitos, mas da coragem de lidar com eles.
Uma experiência sob medida
A “blitz” preparada pela Peres contra a harmonia artificial aconteceu em dois encontros online, cada um com 2h de muito conteúdo e conversas enriquecedoras. O treinamento foi dividido em duas temáticas, uma para cada encontro:
- Comunicação Estratégica e Empática;
- Feedbacks e Conversas Difíceis.
Antes de colocar a mão na massa, customizamos os conteúdos de acordo com o perfil do Will Bank. Integramos conceitos como Radical Candor (numa tradução livre, Empatia Radical) e Cultura do Principiante, evidenciando o papel das lideranças enquanto principais agentes da segurança psicológica no dia a dia do trabalho. E, por consequência, do fim da harmonia artificial.
Não era uma solução de prateleira. Era um percurso desenhado especificamente para aquele cenário.
Para fazer a transformação acontecer, era fundamental dar um contexto claro às lideranças do Will Bank. Com base em dados reais, mostramos insights que geraram identificação imediata e desejo por transformação.
Logo todos concordaram: os desafios de comunicação estavam, de fato, alimentando pouco a pouco uma harmonia artificial. Era preciso agir. E estávamos todos juntos ali para isso.
Liderança eficaz é aquela que se implica na conversa
Para aprofundar na Comunicação Estratégica e Empática, o conceito de Radical Candor foi decisivo. Provocamos as lideranças a diferenciarem empatia prejudicial de empatia assertiva. Uma prática para mostrar que a empatia, por si só, não garante que algum movimento seja feito.
Empatia Prejudicial
Há escuta e atenção ao outro, porém evita-se o confronto. Uma oportunidade de crescimento é perdida e a harmonia artificial persiste.
Empatia Assertiva
Também há escuta e atenção, mas o desafio é encarado diretamente em busca de soluções e desenvolvimento conjunto. Há uma troca franca a respeito do problema.
Logo, foi possível entender que não se tratava de apenas escutar. Era fundamental implicar-se nas questões, produzindo efeitos positivos e tirando as pessoas da inércia. Nesse sentido, surge a Tríade da Comunicação Eficaz: contexto, intenção radical, escuta ativa.
Para chegar até esse formato, refletimos sobre os impactos que a falta de clareza gera nas tomadas de decisão. Quem decide? O que é preciso decidir? E quando? A partir de desafios reais e da Tríade, a gente articulou melhor como identificar os porquês, antes de dar respostas precipitadas e pouco estratégicas.
Escutar para entender, refletir. Não para apenas responder.
Para abrir novos caminhos sobre Feedbacks e Conversas Difíceis, recorremos a um aspecto que compõe a base da segurança psicológica no ambiente de trabalho: a cultura do principiante.
O que isso significa? Primeiro, descer do altar do “eu sou a liderança, eu sei mais do que você”. Depois, explorar diálogos que superem o medo de “parecer bobo” ou não ter a resposta certa.
Quando lutamos para sustentar esse lugar de suposto saber, fechamos caminhos para a construção coletiva. O senso de grupo diminui e, no fim das contas, a pressão é ainda maior sobre os ombros da liderança.
O que estava em jogo não era somente acabar com a harmonia artificial. Mas sim entender a estrutura que sustenta a permanência dela. No centro disso, a necessidade de encontrar nossa formas de se comunicar.
3 lições para fazer pensar
Nesses dois dias com as lideranças do Will Bank a gente viu, na prática, como um ambiente saudável não significa ausência de conflitos. É menos sobre paz absoluta. E mais sobre como praticar uma postura humana e aberta diante de erros e impasses, um aspecto absolutamente natural quando temos pessoas convivendo e trabalhando juntas.
Outros pontos importantes nessa construção:
1. A segurança psicológica nutre uma boa comunicação
Comunicar-se com clareza não é só uma habilidade técnica. É também sintoma de um ambiente onde há segurança para se expressar sem medo. Quando a liderança lida melhor com críticas e falhas do time (e suas também), todos sentem mais confiança para desenvolverem suas ideias.
2. O papel de liderança é relacional
Mais do que tomar decisões e demandar tarefas, a liderança é um elo entre as pessoas da equipe. Uma referência de como lidar com os percalços do dia a dia. Não é uma posição puramente técnica. Longe disso. É profundamente humana e orgânica, por mais ferramentas que se possa ter.
3. “Paz sem voz não é paz, é medo”.
Parafraseando O Rappa para mostrar que a harmonia artificial até parece bonita à primeira vista. A questão é o quanto as pessoas envolvidas nessa pretensa harmonia se sentem livres para colocar suas ideias na mesa. O silêncio da harmonia artificial pode parecer convidativo, mas é mortífero ao crescimento sustentável de uma organização.
Pelo fim da harmonia artificial
O case Will Bank nos lembra que a verdadeira coragem de uma liderança não está em evitar o conflito, mas em enfrentá-lo com empatia e presença. Isso não acontece de uma hora para outra. Exige reflexão, treinamento e prática. Como nós fizemos nesses dois dias de curso.
Nutrir um ambiente com segurança para a colaboração coletiva. Tratar o erro como acelerador do crescimento. Foi assim que a transformação começou a acontecer no will bank. E segue acontecendo.
O que a comunicação no seu time revela sobre a cultura da sua empresa? A harmonia é real ou faz de conta?